O documentário “BR-163 – A Luta pela Vida” segue com gravações intensas em diferentes cidades de Mato Grosso, ampliando o retrato humano de uma das rodovias mais importantes — e violentas — do país.
A obra busca apresentar um panorama sensível e crítico da BR-163, considerada a espinha dorsal logística do Estado, mas também palco de tragédias familiares e históricas disputas políticas.
Dirigido pelo documentarista Jorge Esteban Sepúlveda Tejos, a obra é realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (SECEL-MT), na categoria documentário, e se estrutura a partir de um fio condutor: a luta pela vida. Mais do que relatar acidentes e estatísticas, a produção busca escancarar os impactos sociais e afetivos da rodovia, que influencia diretamente a vida de milhares de mato-grossenses.
“As histórias que ouvimos são dolorosas, mas também cheias de resistência e esperança. Não se trata apenas de infraestrutura, mas de uma questão humanitária e social”, explica Jorge Sepúlveda.
As gravações tiveram início em Lucas do Rio Verde, durante a realização do Show Safra, importante evento do agronegócio mato-grossense. Na ocasião, foi entrevistado o senador Wellington Fagundes, que salientou a participação decisiva dos quadros políticos e da sociedade civil organizada na construção das soluções para a BR-163.
Em Lucas do Rio Verde, o documentário também registrou o depoimento do advogado Dr. Abel Sguarezi, presidente da Comissão da BR-163, sobre sua atuação no processo jurídico que culminou na transferência da concessão da rodovia, então gerida pela Rota do Oeste, para a istração pública via MT Participações e Projetos S/A (MT-PAR), a Nova Rota do Oeste.
Outro depoimento forte foi o do empresário Vilson Kirst, pai de Anderson Kirst, uma das vítimas fatais da BR-163. Sua fala reforçou o drama silencioso de inúmeras famílias que convivem com a perda irreparável de entes queridos.
Além do vendedor Robby Alisson, sobrevivente de um acidente em 2013 em que perdeu um amigo na rodovia.
A equipe também entrevistou a família Machado — Josemar (irmão), Antônio (pai) e Júlia Machado (mãe) —, parentes de Ernani José Machado, vítima de acidente que empresta seu nome ao Lago Ernani Machado, um dos principais pontos de lazer da cidade. O relato emocionado da família reforçou como a BR-163 não apenas corta geografias, mas molda memórias e identidades.
O vereador Márcio Albieri, então representante da sociedade civil organizada, foi ouvido, trazendo a perspectiva política da luta local por melhorias estruturais na rodovia, além de destacar a solidariedade prestada às famílias enlutadas ao longo dos anos.
As gravações seguiram para Sorriso, um dos municípios mais impactados pelos altos índices de acidentes na BR-163. Lá, o policial rodoviário federal Leonardo Ramos relatou sua experiência de mais de 16 anos atuando na segurança da rodovia, abordando desde o enfrentamento ao tráfico até o socorro às vítimas de colisões fatais.
Em Sorriso também foi entrevistada Rita Rosângela Gomes Meira, única sobrevivente que perdeu quatro familiares em um acidente na rodovia: a filha, o irmão, a sobrinha e a cunhada. O relato de Rita emocionou a equipe, principalmente pela referência ao exemplar da Bíblia que permaneceu registrado apenas em imagem no acervo do SBT, já que o objeto original se perdeu no acidente.
As gravações avançaram então para Cuiabá, capital do Estado, onde foram realizadas entrevistas fundamentais para entender as decisões políticas que moldaram o atual cenário da BR-163.
O governador Mauro Mendes destacou, em sua entrevista, que “o governo do Estado teve atitude corajosa ao trazer o problema para si, e oferecer uma solução que trouxesse uma via condizente com as necessidades econômicas do nosso Estado e ao mesmo tempo garantir a segurança das vidas que por ela trafegam”.
Também em Cuiabá, foi entrevistado Júlio Perdigão, ex-diretor da Rota do Oeste, que abordou as dificuldades enfrentadas pela concessionária e os fatores que culminaram na devolução amigável da concessão.
Outro importante entrevistado foi o deputado estadual Eduardo Botelho, que presidia a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) à época em que a Rota do Oeste ainda detinha a concessão da BR-163. Botelho relatou que pautou o projeto de lei que foi necessário para que o governo do Estado assumisse a responsabilidade pela duplicação da via. Um aspecto curioso e digno de nota, segundo Botelho, foi que o plenário da ALMT foi unânime na aprovação do projeto, sem qualquer polarização política em torno do tema.
O documentário também registrou o depoimento do advogado Ronilson Rondon Barbosa, membro do Conselho Estadual da OAB-MT, que contribuiu com análises jurídicas fundamentais sobre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que foi então encaminhado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e posteriormente ao Tribunal de Contas da União (TCU), onde acabou aprovado.
Assim, a obra vai tecendo uma narrativa multifacetada, entrelaçando relatos pessoais de dor e perda com análises técnicas, políticas e institucionais. A proposta é apresentar um mosaico realista e humanizado da BR-163, mostrando como esta estrada molda, transforma e, muitas vezes, interrompe vidas.
O documentário “BR-163 – A Luta pela Vida” deverá ser exibido em mostras, festivais e em circuito aberto, como instrumento de reflexão e conscientização sobre a importância de políticas públicas que garantem segurança e dignidade para os usuários da rodovia.
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“Nosso objetivo é que a BR-163 deixe de ser conhecida como a ‘Rodovia da Morte’ e se transforme, efetivamente, em uma estrada da vida”, conclui o diretor Jorge Sepúlveda.