O governo busca isolar a oposição nas tentativas do grupo de emplacar comissões no Congresso para investigar as fraudes no INSS, enquanto corre por uma solução para a crise previdenciária.
A oposição desistiu de protocolar nesta terça (6) o pedido de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (MI) sobre as fraudes no INSS. Líderes do grupo apontam que há risco de parlamentares retirarem s de última hora. Por isso, buscam um apoio mais folgado.
O pedido tem que ser lido numa sessão conjunta do Congresso, prevista só para o dia 28, para a comissão poder funcionar. Dessa forma, a oposição deve esperar até o final do mês para protocolar o requerimento.
Também contribuiu para o adiamento a sinalização do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), de que não estaria disposto a instaurar o colegiado.
Alcolumbre, inclusive, acompanha Lula na comitiva que está a caminho das celebrações do fim da segunda guerra mundial, na Rússia. Já o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou a dizer a deputados que não se compromete com a abertura de uma I na Câmara e reforçou que há uma fila de pedidos na Casa.
Os governistas apostam justamente no tempo para o avanço das investigações e, assim, tentar esfriar os ânimos no Congresso.
Paralelamente, o governo corre para entender o tamanho do rombo a beneficiários do INSS e encontrar uma maneira de ressarcir as vítimas. Lula ficou quase três horas reunido no Palácio da Alvorada durante a tarde com ministros de pastas envolvidas na tentativa de estancar a crise. A reunião terminou sem anúncio.
Mais cedo, o presidente do INSS, Gilberto Waller, havia dito que o pagamento seria feito de maneira automática na mesma conta em que o governo deposita o benefício mensalmente.
A pressão vem não só do Congresso. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União acusa o governo de demorar para apresentar uma solução. Pede que a Corte obrigue o INSS a adotar, em até 15 dias, as medidas necessárias para o ressarcimento, inclusive com a indicação da origem dos recursos.
Na avaliação de parte de governistas, a gestão petista errou ao tratar o escândalo no INSS como caso de polícia. Acham que a Controladoria-Geral da União (CGU) deveria ter anunciado primeiro a descoberta das irregularidades, para reforçar a imagem de um combate à corrupção, e então deixar o caso com a Polícia Federal. Dentro do PT, há quem defenda que o governo também tem que investir mais em pautas sociais, com maior apelo junto à população. Por exemplo, dar mais ênfase ao projeto que acaba com a escala 6 por 1.
Ainda assim, o escândalo do INSS atinge um dos grupos mais fiéis ao presidente Lula. Pesquisa Genial/Quaest do final de março mostra que brasileiros com 60 anos ou mais são a faixa etária com a visão mais positiva sobre o governo. Metade dos idosos aprova a gestão Lula, enquanto 46% desaprovam. Entre os jovens de 16 a 34 anos, por exemplo, o índice de aprovação cai para 33%. O de desaprovação sobe para 64%. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Na esteira da troca de ministros da Previdência do PDT, a bancada do partido na Câmara anunciou o desembarque da base aliada de Lula na Casa. O rompimento não significa ser oposição. Os deputados falam em independência, mas, para as contas de votos do governo, já é mais um revés em meio às alianças instáveis.
A bancada até já sinalizou que pode apoiar a iniciativa da oposição de criar uma I ou MI sobre o INSS. O apoio, no entanto, está condicionado à ampliação do escopo da investigação para incluir também o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Aliados de Lula no Congresso trabalham para manter uma governabilidade mínima para tocar o projeto da reforma do Imposto de Renda. E sabem que mesmo os líderes do Centrão ainda com uma boa relação com Lula não dão essa garantia de apoio para as eleições de 2026.